quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Gilberto gênio

Já falei sobre meu amor pela música em outro post. Igual a todos, também tenho fases de ouvir certos tipos de música. Continuo gostando de vários estilos, e há até pouco tempo, estava numa fase bem rock.
Mas de um tempo pra cá, tenho voltado a ouvir música brasileira. Chico, Gil, sambinhas antigos. Faz uns meses que vi o documentário “Tropicália” no cinema e gostei muito. Aparecem os depoimentos de todos aqueles que influenciaram e contribuíram para o movimento. E não há se falar em Tropicália sem se falar em Gil e Caetano. Foi um movimento bem interessante, com raízes na antropofagia do modernismo. Só que para além desse movimento, creio que Gil é um gênio. Há músicas de que não gosto, que são meio “viajantes”, mas ao ler as suas obras-primas, fico embasbacada com as suas sacadas.
Decidi postar aqui a tradução da música “A Paz”, uma das mais belas canções dele. Ainda estou querendo traduzir outras como “Drão”, “Andar com fé” (que vai ser bizarro) e “Super-homem, a Canção” (que deve ser a próxima). Espero que gostem.

A Paz

A paz invadiu o meu coração
De repente, me encheu de paz
Como se o vento de um tufão
Arrancasse meus pés do chão
Onde eu já não me enterro mais
A paz fez um mar da revolução
Invadir meu destino; A paz
Como aquela grande explosão
Uma bomba sobre o Japão
Fez nascer o Japão da paz
Eu pensei em mim
Eu pensei em ti
Eu chorei por nós
Que contradição
Só a guerra faz
Nosso amor em paz
Eu vim
Vim parar na beira do cais
Onde a estrada chegou ao fim
Onde o fim da tarde é lilás
Onde o mar arrebenta em mim
O lamento de tantos "ais"
 

A Paz
English Lyrics by: Rita Cammarota

Oh, Peace, that invaded my very soul,
In the blink of an eye. Then peace
A typhoon that could sweep the world
Ripped my feet and my body, oh
Off the ground I´ve been  buried in

Oh, Peace, when the revolutions arise,
It´s the time to plant all your seeds
And when bombs burn down the skies
I can feel you blooming in me
As a tribute to those who died

 Then I thought of me
And I thought of you
And I cried for us
That´s a nonsense sight
Only war can make
Our love go right

I´ve been through the world until I got here
In the end of the road at last
Where the sun sets fire on me
Where the afternoon dies so fast
And the waves drown the tears in me


terça-feira, 14 de agosto de 2012

Versão em inglês de “Regra Três”, de Toquinho e Vinicius

Oi, pessoal. Estou num momento muito samba da minha vida, por isso decidi verter para o inglês esta música agridoce da dupla acima. Foi um trabalho bem gostoso para mim.

Regra três
(Vinicius de Moraes e Toquinho)
Tantas você fez que ela cansou
Porque você, rapaz
Abusou da regra três
Onde menos vale mais
Da primeira vez ela chorou
Mas resolveu ficar
É que os momentos felizes
Tinham deixado raízes no seu penar
Depois perdeu a esperança
Porque o perdão também cansa de perdoar

Tem sempre o dia em que a casa cai
Pois vai curtir seu deserto, vai.
Mas deixe a lâmpada acesa
Se algum dia a tristeza quiser entrar
E uma bebida por perto
Porque você pode estar certo que vai chorar

Farewell
(Versão de Rita Cammarota)

You´ve messed up so bad, she couldn´t bear
To stare at you no more
No more lies and no more tears,
No more waiting at the door

I´ve heard she cried a bit, when there was love,
And she could still forgive
When her smiles were so fresh,
When she still craved your flesh,
And you weren´t there
Then all her hope was gone,
For you would leave her alone,
Hanging with despair

Now it was time she made her mind at last,
Now it is time for you to cry instead,
So whenever your home,
Weeping for being alone,
Someone rings the bell
It isn’t her, it is sadness,
Taking a toll on your madness,
Bidding you farewell

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

"A Rita", uma canção de João Lopes

Espelho
(João Nogueira)

Nascido no subúrbio nos melhores dias,
Com votos da família de vida feliz
Andar e pilotar um pássaro de aço
Sonhava ao fim do dia ao me descer cansaço
Com as fardas mais bonitas desse meu país
O pai de anel no dedo e dedo na viola
Sorria e parecia mesmo ser feliz
Eh, vida boa!
Quanto tempo faz
Que felicidade!
E que vontade de tocar viola de verdade
E de fazer canções como as que fez meu pai (Bis)
Num dia de tristeza me faltou o velho,
E falta lhe confesso que ainda hoje faz
E me abracei na bola e pensei ser um dia
Um craque da pelota ao me tornar rapaz
Um dia chutei mal e machuquei o dedo
E sem ter mais o velho pra tirar o medo
Foi mais uma vontade que ficou pra trás
Eh, vida à toa
Vai no tempo vai
E eu sem ter maldade
Na inocência de criança de tão pouca idade
Troquei de mal com Deus por me levar meu pai (Bis)
E assim crescendo eu fui me criando sozinho;
Aprendendo na rua, na escola e no lar
Um dia eu me tornei o bambambã da esquina
Em toda brincadeira, em briga, em namorar
Até que um dia eu tive que largar o estudo
E trabalhar na rua sustentando tudo
Assim sem perceber eu era adulto já
Eh, vida voa,
Vai no tempo, vai
Ai, mas que saudade
Mas eu sei que lá no céu o velho tem vaidade
E orgulho de seu filho ser igual seu pai
Pois me beijaram a boca e me tornei poeta
Mas tão habituado com o adverso
Eu temo se um dia me machuca o verso
E o meu medo maior é o espelho se quebrar (Bis)

Tardei em começar a escrever esse texto. Não sabia como começar. Eis que passou o Dia dos Pais e a homenagem chegou atrasada. Demorei a escolher a música, porque nenhuma se encaixa à perfeição. Há um tempo, um amigo me apresentou a essa música e a achei muito bonita.

Escolhi também porque a primeira estrofe lembra uma cena freqüente em minha infância, adolescência e vida adulta: meu pai tocando seu violão. Hoje em dia, ele, aposentado, deu início às aulas de baixo. E já está até tocando com um grupo.

Meu pai sempre foi muito ligado à música. E o meu gosto musical hoje em dia (e mesmo desde criança) sempre foi o dele. Quando criança, eu ouvia bossa nova, adolescente começava a me apaixonar pelo rock, ritmo que até hoje é o meu preferido. Jovem adulta e apaixonada por Chico, MPB, jazz. Tudo herdado do meu pai. Além do amor à música, meu pai me ensinou tanto. Honestidade, caráter. Traçar meu caminho.

Como disse no post do Dia das Mães, meus pais foram meus primeiros espelhos. Minha mãe e seu pragmatismo e lógica; meu pai, e a arte. Duas metades que me fazem um inteiro, como li em um blog. Está certo que minha mãe adora arte também, mas acho que minha ligação com a poesia, o escrever, a música veio toda do meu pai.

E acho que uma vida sem música não é uma vida inteira. É uma vida cinza, sem cor. E as cores vivas que eu vejo e experimento, as sinfonias cotidianas de vozes humanas e da minha própria voz e consciência são a parte mais gostosa que trago em mim. E quando me olho no espelho, impossível não ver (e ouvir) meu pai.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Invencível: uma tradução

Postarei hoje a tradução de um poema que encontrei por acaso na Internet. Estava procurando um texto poético para traduzir e simplesmente fiquei encantada com este poema. Sei que parece textinho de auto-ajuda, mas achei bonito. Espero que vocês também gostem.
Privilegiei na tradução o esquema rímico do poema e busquei preservar a métrica. Em inglês cada verso tem 8 sílabas métricas. Nos meus versos, muitos têm 8 sílabas, mas há versos com 7, 9 e até 10 sílabas métricas. Acho, porém, que o ritmo não foi muito quebrado.

Invictus
Willian Ernest Henley
Tradução de Rita Cammarota

Da noite que sobre mim cresceu,
Negro abismo de Sul a Norte,
Sou grato a qualquer um deus,
Pela minh´alma: altivo forte.

Na cruel garra do inesperado
Sequer pisquei ou fiz ruído
Sob marteladas do acaso,
Meu rosto não dobrou, ferido

Além deste lugar de ira e pranto,
Ergue-se apenas o Horror da sombra,
Mesmo assim, o ameaçar dos anos
Encontra-me, hoje e sempre, pronto.

 Mesmo que seja estreita a porta,
Ou plena a vida de punição
Sou o mestre da minha sorte,
E da minh´alma o capitão

terça-feira, 12 de junho de 2012

Soltinha, soltinha

“Em tudo o que faço, eu sinto prazer
de ser quem eu sou,
de estar onde estou,
agora só falta você”

(Trecho de “Agora só falta você”, de Rita Lee)

Se por acaso morrer do coração,
É sinal que amei demais,
Mas enquanto estou viva,
Cheia de graça,
Talvez ainda faça
Um monte de gente feliz”

(Trecho de “Saúde”, de Rita Lee)

Estou para ver compositora mais autêntica e direta que Rita Lee. Minha xará de personalidade forte, como eu. Acho que aí está a questão: personalidade. Jeito de ser único de cada um. Sinto-me até tola de escrever isso. Escrevo porque, principalmente hoje, Dia dos Namorados, muitos solteiros sentem-se deslocados, infelizes por não terem um par.

Penso no absurdo disso e nas origens desse pensamento. A pessoa ter que estar acompanhada para sentir-se bem. “Antes mal-acompanhado do que só”, diria a minha avó e a moral tosca dos séculos anteriores. Há pessoas que ainda hoje, no século XXI, se submetem a relações insatisfatórias e a infelicidade para terem alguém ou mostrar à sociedade que tem alguém. E tal ideal é tão arraigado que nem se percebe como é vendido por livros de romance, novelas e filmes.

A chave para escapar da armadilha do pensamento “só sou alguém por ter você do meu lado” é aprender a se estimar, a valorizar sua própria companhia. Você realmente gosta de alguém, ou quer alguém para não ficar só? Porque me parece que se for o segundo caso, a relação já nasceu com vício.
 
Estar com alguém é bom quando há de fato apreço pela outra pessoa, quando se está junto por vontade, não por necessidade ou carência. Se aparecer alguém interessante, obviamente, é bom dar chance para florescer algo mais. Se não aparecer ou o sentimento não crescer, o que realmente está sendo perdido?

Não sei se eu amadureci, se fiquei menos romântica, mas perdi a paciência de sair para encontrar companhia. Sou mais desfrutar a minha companhia, da minha família e amigos enquanto não surge alguém com quem eu queira estar. No mais, como diria a Rita Lee “enquanto estou viva, cheia de graça, talvez ainda faça um monte de gente feliz”. E que a primeira a me fazer feliz seja eu mesma.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Equação

E a gente vive junto
E a gente se dá bem
Não desejamos mal a quase ninguém
E a gente vai à luta
E conhece a dor
Consideramos justa toda forma de amor”
(Trecho de “Toda forma de amor”, de Lulu Santos)

Resolvi escrever dois textos para o dia dos namorados. Um para os solteiros e um para os comprometidos, enrolados, casados, etc. Escrever um texto para uma pessoa que está só é fácil. Agora, quando entra mais um ser humano na equação, que de fato vira equação, pois não há expressão de um termo só, as coisas mudam.
São duas cabeças, dois corações, duas idéias de mundo. Sempre impliquei com o termo outra metade ou alma gêmea, depois da adolescência, claro. Quem não percebeu que somos um inteiro, com experiências próprias, opiniões e ações? E equilibrar esta balança é que é o prazer e a dificuldade das relações.
O quanto ceder, nem tão pouco que o outro se anule, nem tanto, a perigo de se anular. O quanto esperar, o quanto fazer? Bom é estar com alguém que cresça junto com você, que ensine e aprenda, que facilite a sua vida. Vi isso num e-mail uma vez: “Relação serve para facilitar a vida dos dois. Caso esteja dificultando, algo está errado”.
É gostoso ter alguém ao lado, apoiando, cuidando de você. Sendo amigo, amante, confidente. A sensação do êxtase dos primeiros meses, a maturidade de um amor que não arrefece com o tempo. O amor que vira amizade, quase sem querer. Tantas formas de amor.
Atualmente, vejo reconhecidas formas de amor outrora castigadas, como o amor homossexual, por exemplo. Muitas pessoas do meu convívio condenam esse amor. Já eu acho que não se pode negar quem você é e como ama. Se você não faz mal a ninguém, sua forma de amor é justa, seja você homossexual ou heterossexual.
Para terminar, lembro dois versos de poetas contemporâneos: “A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida” (Vinicius de Moraes) e “Cuide bem do seu amor, seja quem for” (Herbert Vianna). Aos que se encontraram, felicidades neste dia. Aproveitem os segundos juntos, os carinhos, as conversas e até as reconciliações. Cuidem-se para que a equação esteja sempre equilibrada. E se terminar, não se diga que deu errado, mas que deu certo enquanto durou. Feliz Dia dos Namorados aos casais! E aos solteiros, novos e proveitosos encontros!

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Versão para o inglês de "A casa" , de Vinícius de Moraes

Quando eu era criança, meu pai tocava muito no violão essa música para mim. É simples, infantil, mas tão fofa. E acho que uma homenagem à criatividade das crianças. Quer dizer, no fim das contas, não havia nada a ser cantado, poderia ser somente um terreno baldio. O poeta transformou o vazio numa casa engraçada. Realmente, Fernando Pessoa tinha razão: o poeta é um fingidor. Assim como as crianças, que mesmo na sua sinceridade, gostam mesmo é de fazer de conta.


A casa
Vinícius de Moraes

Era uma casa muito engraçada
Não tinha teto, não tinha nada

Ninguém podia entrar nela, não
Porque na casa não tinha chão

Ninguém podia dormir na rede
Porque na casa não tinha parede

Ninguém podia fazer pipi
Porque penico não tinha ali

Mas era feita com muito esmero
Na rua dos Bobos, número zero


The house
English lyrics by Rita Cammarota

It was the funniest house I´ve seen
There weren´t walls or a ceiling

You couldn´t even enter the door
Because there wasn´t really a floor

No one could sit or lie on the bed
There were no walls, there was air instead

You couldn´t poop and you couldn´t pee
There was no toilet anywhere near

But it was built with loving and care,
On fools street, we know not where

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Lição aos meus filhos tirada de “Dawson´s Creek”

Eu, adolescente no final dos anos 1990, era apaixonada pelas séries do Sony Dawson´s Creek e Felicity, que, segundo a minha mãe deveria se chamar Tristicity, pelas desventuras por que a personagem principal passava. Só que hoje vou falar de DC.

Bem, para quem não se deleitou com a série que lançou Katie Holmes, Joshua Jackson e Michelle Williams, faço um resumo agora. Dawson (James van der Beek) morava numa cidade pequena e tinha como melhores amigos Joey (Katie Holmes), que nutria um amor não-correspondido por ele e Pacey (Joshua Jackson), boa praça sempre de bem com a vida, apesar dos problemas com o pai.

Tudo corria na mais perfeita monotonia quando chega à cidade uma bela menina-problema da cidade grande, Jennifer (Michelle Williams), que logo atraiu a atenção de todos, por ser autêntica e não estar nem aí para os que a julgam. Dawson logo caiu de quatro por ela e Joey, coitada, realmente ficou a ver navios.

Anyway, Dawson só vê a graça de Joey quando ela entra num concurso de beleza para ganhar uma grana, de que ela sempre precisa, e Dawson é quem faz o seu vídeo de apresentação. Lá pelas tantas, ele pergunta: “O que você ensinaria a seus filhos?”. E ela responde: “Eu ensinaria aos meus filhos a tratarem os outros como eles próprios querem ser tratados”. Sei que isso não é novidade, é até uma lição bíblica, mas penso como o mundo seria um lugar melhor e como as pessoas próximas seriam bem menos magoadas se fizéssemos isso.

Porque no fundo é uma lição de respeito. Em termos populares, não sacaneie os outros, porque você não quer ser sacaneado. Num mundo utópico, isso se aplicaria a tudo. Lembro quantas vezes eu magoei pessoas, e tantas outras as pessoas também me magoaram. Não queria magoar, mas aconteceu. Acho, no entanto, que mesmo nessas situações é possível minimizar a dor da outra pessoa ao respeitar o que ela está sentindo, ao se colocar no lugar dela.  

Enfim, uma lição que cabe muito no mundo de hoje e sempre caberá. É tão atemporal que está na Bíblia e numa série adolescente bobinha dos anos 1990. Se algo resiste tanto ao tempo e serve para a construção de uma sociedade mais justa e respeitosa, com certeza será de valia para meu filho. Espero que os outros pais pensem da mesma forma.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Bem melhor ser alegre que ser triste

Oi, galera. Estava querendo traduzir outra música brasileira para o inglês. Hoje acordei com o "Samba da benção", do Vinicius de Moraes e do Baden Powell na cabeça. Quem não liga o nome da música à canção, que é muito popular, é só completar o primeiro verso: "É melhor ser alegre que ser triste...".

O que mais gosto dela é a constatação de que o samba sempre tem uma tristeza inerente a ele. Não digo samba enredo, mas aquele gostoso de se ouvir, de raiz. O samba que, por mais alegre que seja, carrega uma pontinha de saudade e melancolia. Vi também uma versão dele maravilhosa com Elis (!!!!!) cantando uma versão em francês. E ela apresentando os músicos num francês gostoso, cadenciado. Lindo, lindo. Acho que talvez isso tenha me motivado a fazer uma versão em inglês para a canção.
 Espero que gostem.

Samba da bênção
Vinicius de Moraes e Baden Powell

I know smiles can be prettier than tears
Joy can cure all of heart injuries
It´s like sunlight that shines into your soul
But a samba is born from what is sad
Otherwise it will only be a bad
Samba song without melody and love

A nice samba can never be a joke
Told by fools and laughed at by the folks
A nice samba is like a prayer instead
Cause a samba is like a mourning widow
That goes out or leans against the window
Looking for love to make her glad

Sprink a little love to make its bones,
Then add a sweet voice to match the tones,
And a samba is ready to delight
Cause the samba was born inside Brazil
And if its white lyrics will make you chill
Feel the black beat  warming you inside

I know smiles can be prettier than tears
Joy can cure all of heart injuries
It´s like sunlight shining in your soul
Cause the samba was born inside Brazil
And if it´s whte lyrics make you chill
Feel the black beat warming you inside

 

segunda-feira, 21 de maio de 2012

De novos começos

Se Eu Soubesse (part. Thais Gulin)

Ah, se eu soubesse não andava na rua,
Perigos não corria
Não tinha amigos, não bebia, já não ria à toa
Não ia enfim
Cruzar contigo jamais
Ah, se eu pudesse te diria, na boa,
Não sou mais uma das tais
Não vivo com a cabeça na lua
Nem cantarei: eu te amo demais
Casava com outro, se fosse capaz
Mas acontece que eu saí por aí
E aí, larari, lairiri
Ah, se eu soubesse nem olhava a Lagoa,
Não ia mais à praia,
De noite não gingava a saia, não dormia nua
Pobre de mim
Sonhar contigo, jamais
Ah, se eu pudesse não caía na tua
Conversa mole, outra vez
Não dava mole à tua pessoa
Te abandonava prostrado a meus pés
Fugia nos braços de um outro rapaz
Mas acontece que eu sorri para ti
E aí, larari, lairiri
Pom, pom, pom..

Não é novidade para ninguém que sou apaixonada pelas músicas do Chico. Considerando isso, até que há poucas composições suas no blog. Hoje decidi postar “Se eu soubesse” não só porque acho linda, mais ainda porque ele canta ao lado da namorada, Thais Gulin.

Decidi postá-la porque de um jeito muito leve fala de começos, de como inesperadamente aparece alguém especial na sua vida, sem você pedir, sem você saber. E uma história nasce.

Isso aconteceu comigo ano passado. Foi gostoso. Foi forte. Foi amor. E terminou tão inesperadamente quanto começou. E, quando ele se despediu, doeu demais.

Não tenho nenhum arrependimento, sofri, mas sei que o motivo para terminarmos era urgente para ele. Senti raiva e me convenci de que mesmo assim, ainda amava.

Quando nos falamos de novo, senti muita frieza, minha e dele. Onde estava a faísca, o amor? Não sei, não tenho capacidade de explicar. Latente, quem sabe. Não é raro isso. Como diria o mesmo Chico Buarque, o amor pode esperar em silêncio, milênios, milênios no ar.

Só sei que também não vou ficar inerte por um afeto que poderá nunca chegar. Vou sair, sem procurar ninguém e sem fantasiar com possibilidades que passaram ou que virão. Vou sair, e aí...

E para quem quiser curtir a música, abaixo posto o vídeo:

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Tudo zen. meu bem

Tudo Azul

Tudo azul, todo mundo nu
No Brasil sol de norte a sul
Tudo bem, tudo zen, meu bem
Tudo sem força e direção

Nós somos muitos
Não somos fracos
Somos sozinhos nessa multidão

Nós somos só um coração
Sangrando pelo sonho de viver

Eu nunca fui o rei do baião
Nem sei fazer chover no sertão
Sou flagelado da paixão
Retirante do amor
Desempregado do coração
Só porque levar a vida mais leve faz bem! Hoje estou com essa música na cabeça. E é uma delícia se desapegar das preocupações e simplesmente rir de qualquer besteira que acontece. A última semana passei triste, tensa, por uma pessoa que está com a cabeça virada.

Acho que vou desapegar disso também. Quando não há nada a fazer, o negócio é olhar pro céu, rir de qualquer coisa e seguir em frente. Bom dia a todos, que o meu está ótimo!
Curtam abaixo:

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Band Aid

- Puxa logo, vai.
- Mas vai doer.
- Dói de qualquer jeito. Melhor antes e rápido, então.
- Mas já ta grudado há tanto tempo que é quase parte da minha pele.
- Deixa de ser boba. Por isso mesmo é bom tirar agora, para você esquecer de vez esse machucado.

Só que não era machucado. Nem era ruim. Por isso é tão difícil arrancar você da memória. Por causa dos sorrisos, do amor que eu construí com a sua ajuda e por você, dia a dia, mês a mês.

É difícil, ruim agora porque foi bom. Porque carinho, afeto, tesão, amizade por você faz falta.

Porque o que foi pouco a pouco erigido teve de ser num momento derrubado.

Porque todo o sentimento que eu tinha por você teve de ser arrancado, como um band-aid.

E como uma criança, sei que vai doer, que vou chorar e que, antes que me dê conta, arrumarei outra brincadeira e talvez outro machucado. Então, nosso amor, agora cicatriz, será tão gostoso como uma lembrança feliz de infância.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Versão em inglês de "Aquarela", de Toquinho

Olá a todos! Andei sem ideias para o blog até que decidi retomar a versão em inglês da música Aquarela. Desde pequena, eu já adorava essa música. Quer dizer, eu,  a torcida do Flamengo e a do Corinthians.
A primeira versão dela é em italiano, bem bonita, mas diferente da nossa. A versão em espanhol lembra mais a original. A versão castelhana é mais direta, menos metafórica. As outras duas, que eu procurei tomar como base para minha tradução, são mais alegóricas.
Estava lendo num portal de notícias que um menino em estágio terminal de uma doença cardíaca gravou um vídeo para se despedir de seus familiares e amigos. No vídeo ele diz: “Foi um passeio incrível, não me arrependo de nada.” Lembrei da música na hora, o que é a nossa vida senão uma bela pintura, em que escolhemos as cores, mas não podemos prever quando descolorirá?
Há pessoas tão absorvidas em preocupações, que sequer notam as cores da vida. Passam uma vida cinzenta. Eu já fui assim. Muito preocupada com o futuro. Mas, quando se cresce, percebe-se que ele chegará independente de estarmos prontos ou não. Por isso, não posso deixar para ser feliz no futuro. Não sei o que me espera. Quero ser feliz agora, ver todas as cores do mundo, porque a única certeza que eu tenho é que um dia, eu também, descolorirei.
Postarei logo abaixo a linda animação do Mundo da Criança que ganhou o Liv Ullman Peace Prize num festival de cinema de Chicago. Achei merecido, lindo clipe, linda música. 
Watercolor
English lyrics by: Rita Cammarota

In a blank piece of paper
I draw a round sun in the sky
There´s a castle below it
And I am the king´s bravest knight

As my pen dances around
My hand sewing a glove
It turns colder outside
And my fingers now draft me a hug

If a drop of white paint
Dares to mess the blueness
Of my sky
Suddenly I can turn it
Into a  seagull
That´s flying high

Up it goes
All around this world
Along with it I can see
Different places, different colors
Paris and New York and Madrid

There´s a sailboat
Ocean, waves and mist
It´s so much sea and sky
In a blue kiss

Through the clouds
I can see a purple plane
Coming to land
It colors everything down below and its
Lights are blinking once again

If you just imagine
It will fly away
Up to the stars
Or if you say
It can land and stay

In a blank piece of paper
A ship leaves the docks any time
In are so many friends
Who are toasting to joy and to life

North and South, East and West
Are not so far away
As you may see
With a turn of a compass
I´m there and then I am back here

A boy keeps on walking
And finally reaches a wall
Facing his little eyes
Strong and Still, filled with pride
There the future lies

Is the future like a spaceship
That we are all trying to guide?
It has no certainty, It has no mercy
No scheduled time to arrive
When we least expect
It grabs us by the hand and then invite us
To laugh or to cry

It´s a long road, and we cannot
Know or be sure how it will be
And the end of it is uncertain
If it´s far away or just here

Come and let us paint
This whole life our way
Learning each day
That come what may
All colors fade away

In a blank piece of paper
I draw a round yellow sun
(It will fade away)

There´s a castle below it
And I am the king´s bravest knight
(It will fade away)
With a turn of a compass
I´m there and then I´m back here
(It will fade away)



terça-feira, 17 de abril de 2012

Liberdade

"...Liberdade, essa palavra
que o sonho humano alimenta
que não há ninguém que explique
e ninguém que não entenda..."
(Cecília Meireles
Romanceiro da Inconfidência)

Não consigo falar de liberdade, porque é um conceito muito amplo e muito querido por todos. E, ao mesmo tempo em que é desejada, há quem diga que, se experimentada em excesso, faz mal. Para outros, a liberdade é um substantivo de sentido absoluto: ou se é livre ou cativo. Sinceramente não saberia dizer em qual grupo me encaixo.

É difícil empreender o significado completo e a experiência do que é verdadeiramente ser livre. Por isso, mais do que sê-lo, é bom de refletir sobre ela, sem amarras, sem opiniões pré-concebidas. Expandir a mente, sentir-se solto. Por isso, acho perfeitas as palavras da minha musa Cecília. E, aos seus termos, acrescento a minha tradução do poema de (sim, ela outra vez) Maya Angelou “I know why the caged bird sings”.

O poema contrasta a situação de dois pássaros, o que pode vivenciar a liberdade e aquele que vive aprisionado numa gaiola e, por não poder aproveitar tal sentimento, canta sobre ele e anseia por ele. Pode ser que o pássaro preso a valorize mais que seu semelhante, justamente pela falta que ela lhe faz.
Eu sei porque o pássaro engaiolado canta
Maya Angelou (Tradução: Rita Cammarota)

O pássaro livre salta nas costas do vento,
E planando chega ao fim da corrente
E mergulha a asa em raios alaranjados
E toma para si o céu.

Mas o pássaro preso marcha na gaiola
Mal enxerga por entre barras odiosas
De pés atados e asas cortadas, abre o bico a cantar.

O pássaro engaiolado tem medroso gorjeio
De coisas estranhas pelas quais tem anseio
Sua canção é ouvida no distante Outeiro
Pois o pássaro preso canta da liberdade.

O pássaro livre pensa em brisas suaves,
Nos ventos alísios soprando na árvore
E nas minhocas carnudas no verde gramado
E chama o céu de domínio azulado.

Mas o pássaro preso pisa na tumba dos sonhos,
Sua sombra grita num pesadelo medonho
De asas cortadas e pés atados, ele abre o bico a cantar.

O pássaro engaiolado tem medroso gorjeio
De coisas estranhas pelas quais tem anseio
Sua canção é ouvida no distante Outeiro
Pois o pássaro preso canta da liberdade

quinta-feira, 29 de março de 2012

Minha menina

Vou postar hoje a versão que eu fiz para o inglês da música “Espatódea”, do Nando Reis. Ele é um dos meus compositores preferidos dos últimos tempos. Adoro as tiradas dele, suas canções, especialmente “All Star” e “Relicário”.

Acho a música de hoje especial, porque foi feita para a filha mais nova dele, Zoé. Isso me faz pensar na minha própria menininha, quando eu a tiver. Sei que não é sonho de todas as mulheres ser mãe, mas sempre foi um desejo que cultivei em mim.

Gerar uma vida, que se forma sem você precisar fazer nada. Quer dizer, nada além de um ato que, por si, já é prazeroso. Fico, então, pensando em seus olhos, cabelo, sorriso. No seu jeito, se vai ser calada como eu ou expansiva.

Sei que este meu desejo pode demorar para acontecer; estou solteira e mesmo se estivesse namorando, a maturidade do relacionamento conta tudo para se chegar ao ponto de se querer um filho. A única certeza que tenho é que a hora em que ela chegar, será o momento certo. Não posso ter as certezas de que falei acima, sobre seu jeito, feições, nome. Mas a mais importante já está em mim: minha menina será muito amada.

Espatódea
Composição: Nando Reis
Versão para o inglês: Rita Cammarota

You´re my color,
You´re my flower
My face

Highest star
Letters that can
Spell my way

Not sure if this world is so good
But it´s been great
Ever since the day you came
And asked:
May I be a part of it?

Little rose
Kissed by dew
On your nose

Light of day
Paradise
When you smile

Not sure if this world is so good
But it has been great
Ever since the day you came
And explained
Its meaning to me

I don´t know how sane is this place
But it wasn´t since the day I came
No reason, no maths and no love
If it wasn´t for you

terça-feira, 27 de março de 2012

Bom-dia!

A tradução que fiz e posto hoje é de outro poema de Maya Angelou, escrito para a posse de Bill Clinton em 1993. Daqui a pouco, vocês nem vão agüentar falar dela. Acho-o muito bonito, porque simples, mas ainda assim tocante. Como o poema é enorme, não vou escrever um texto paralelo. Enjoy!

Poema Inaugural
Maya Angelou
(Tradução de Rita Cammarota)

A Rocha, o Rio, a Árvore,
Anfitriões de espécies há muito extintas,
Marcaram o mastodonte.

O dinossauro, que deixou provas secas
De sua estada aqui,
No chão de nosso planeta.
Qualquer alarme claro de sua condenação apressada
Está perdido nas trevas da poeira e das eras.

Mas hoje, a Rocha clama a nós, com clareza e vigor
-Venham, coloquem-se sobre
Minhas costas e contemplem seu distante destino
E não procurem abrigo em minha sombra.
Não lhes darei mais esconderijo aqui
Vocês, criados um pouco abaixo
Dos anjos, arrastaram-se longo tempo
Na escuridão sombria,
Permaneceram por longo tempo
Com a face na ignorância

Suas bocas derramaram palavras
Feitas para o massacre

A Rocha clama hoje, - podem colocar-se em mim,
Mas não escondam o rosto

 
Através da muralha do mundo,
o Rio entoa uma bela canção,
-Venham descansar à minha margem.

Cada pessoa é um país com fronteiras,
Delicado e orgulhoso,
Ainda assim, perpetuamente sitiado.

Suas batalhas armadas pelo lucro
Deixaram uma faixa de dejetos em
Minha margem, correntes de entulho em meu seio.

Ainda assim, os chamo à minha orla,
Se não estudarem mais guerras. Venham,

Vistam-se de paz e entoarei as canções
Que o Criador me ensinou quando eu
E a Árvore e a Rocha éramos um só

Antes de ser o cinismo uma queimadura
De sangue em sua fronte e quando vocês sabiam
Que nada sabiam.

O Rio canta e canta ainda.
Há um real anseio a responder
Ao Rio cantor e à sábia Rocha.

Então digam ao asiático, ao hispânico, ao judeu,
Ao africano e ao indígena, ao Sioux,
Ao católico, ao muçulmano, ao francês, ao grego,
Ao irlandês, ao rabino, ao padre, ao sheik,
Ao gay, ao hétero, ao pregador
Ao privilegiado, ao sem-teto, ao professor.
Eles escutarão. Todos ouvirão
A mensagem da Árvore.

Hoje, a primeira e a última das Árvores
Fala à humanidade: Venha a mim, na margem do Rio
Plante-se ao meu lado, aqui na margem do Rio
Cada um de vocês, descendente de algum
Caminhante, foi resgatado

Você, que me batizou, você
Pawnee, Apache e Sêneca, você
Nação Cherokee, que descansou comigo, e
Forçados sobre pés ensanguentados, me deixaram
Aos cuidados de outros exploradores,
Desesperados por ganhos,
Famintos por ouro.

Você, o turco, o sueco, o alemão, o escocês...
Você, o ashanti, o yorubá, o kru compraram

Venderam, roubaram, chegaram no pesadelo,
Orando por um sonho
Aqui, criem raízes ao meu lado.
Sou a Árvore, plantada ao lado do Rio,
Que não se moverá.

Eu, a Rocha; eu, o Rio; eu, a Árvore
Sou seu – as Passagens estão pagas

Levantem o rosto, vocês têm a urgente necessidade
Desta manhã radiante, alvorecendo por você

A história, apesar da dor intensa,
Não pode ser apagada, e se encarada
Com coragem, não precisa ser revivida.

Levante os olhos
Ao dia raiando por você

Dê à luz de novo
O sonho

Mulheres, crianças, homens,
Tomem-no nas palmas das mãos

Moldem-no na forma de sua mais
Particular necessidade. Esculpam-no
À imagem de seu ser mais público.
Levantem os corações,
Cada hora nova carrega novas chances
De novos começos.

Não permaneça casado
Para sempre com o medo, sob o jugo
Eterno da brutalidade.

O horizonte se inclina para frente,
Oferece espaço a novos passos de mudança.

Aqui, no pulsar deste belo dia
Você pode ter a coragem
De olhar para cima e para mim, a
Rocha, o Rio, a Árvore, seu país

Tanto a Midas, quanto ao mendigo.

Tanto a você agora, quanto ao mastodonte outrora.

Aqui, no pulsar deste novo dia
Você pode desfrutar a graça de olhar para cima
E nos olhos de sua irmã,
No rosto de seu irmão, seu país
E dizer simplesmente
Tão simplesmente
Com esperança
Bom-dia
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Este obra de Rita Cammarota, foi licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-Uso não-comercial-Vedada a criação de obras derivadas 3.0 Unported.