terça-feira, 17 de abril de 2012

Liberdade

"...Liberdade, essa palavra
que o sonho humano alimenta
que não há ninguém que explique
e ninguém que não entenda..."
(Cecília Meireles
Romanceiro da Inconfidência)

Não consigo falar de liberdade, porque é um conceito muito amplo e muito querido por todos. E, ao mesmo tempo em que é desejada, há quem diga que, se experimentada em excesso, faz mal. Para outros, a liberdade é um substantivo de sentido absoluto: ou se é livre ou cativo. Sinceramente não saberia dizer em qual grupo me encaixo.

É difícil empreender o significado completo e a experiência do que é verdadeiramente ser livre. Por isso, mais do que sê-lo, é bom de refletir sobre ela, sem amarras, sem opiniões pré-concebidas. Expandir a mente, sentir-se solto. Por isso, acho perfeitas as palavras da minha musa Cecília. E, aos seus termos, acrescento a minha tradução do poema de (sim, ela outra vez) Maya Angelou “I know why the caged bird sings”.

O poema contrasta a situação de dois pássaros, o que pode vivenciar a liberdade e aquele que vive aprisionado numa gaiola e, por não poder aproveitar tal sentimento, canta sobre ele e anseia por ele. Pode ser que o pássaro preso a valorize mais que seu semelhante, justamente pela falta que ela lhe faz.
Eu sei porque o pássaro engaiolado canta
Maya Angelou (Tradução: Rita Cammarota)

O pássaro livre salta nas costas do vento,
E planando chega ao fim da corrente
E mergulha a asa em raios alaranjados
E toma para si o céu.

Mas o pássaro preso marcha na gaiola
Mal enxerga por entre barras odiosas
De pés atados e asas cortadas, abre o bico a cantar.

O pássaro engaiolado tem medroso gorjeio
De coisas estranhas pelas quais tem anseio
Sua canção é ouvida no distante Outeiro
Pois o pássaro preso canta da liberdade.

O pássaro livre pensa em brisas suaves,
Nos ventos alísios soprando na árvore
E nas minhocas carnudas no verde gramado
E chama o céu de domínio azulado.

Mas o pássaro preso pisa na tumba dos sonhos,
Sua sombra grita num pesadelo medonho
De asas cortadas e pés atados, ele abre o bico a cantar.

O pássaro engaiolado tem medroso gorjeio
De coisas estranhas pelas quais tem anseio
Sua canção é ouvida no distante Outeiro
Pois o pássaro preso canta da liberdade

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