terça-feira, 14 de agosto de 2012

Versão em inglês de “Regra Três”, de Toquinho e Vinicius

Oi, pessoal. Estou num momento muito samba da minha vida, por isso decidi verter para o inglês esta música agridoce da dupla acima. Foi um trabalho bem gostoso para mim.

Regra três
(Vinicius de Moraes e Toquinho)
Tantas você fez que ela cansou
Porque você, rapaz
Abusou da regra três
Onde menos vale mais
Da primeira vez ela chorou
Mas resolveu ficar
É que os momentos felizes
Tinham deixado raízes no seu penar
Depois perdeu a esperança
Porque o perdão também cansa de perdoar

Tem sempre o dia em que a casa cai
Pois vai curtir seu deserto, vai.
Mas deixe a lâmpada acesa
Se algum dia a tristeza quiser entrar
E uma bebida por perto
Porque você pode estar certo que vai chorar

Farewell
(Versão de Rita Cammarota)

You´ve messed up so bad, she couldn´t bear
To stare at you no more
No more lies and no more tears,
No more waiting at the door

I´ve heard she cried a bit, when there was love,
And she could still forgive
When her smiles were so fresh,
When she still craved your flesh,
And you weren´t there
Then all her hope was gone,
For you would leave her alone,
Hanging with despair

Now it was time she made her mind at last,
Now it is time for you to cry instead,
So whenever your home,
Weeping for being alone,
Someone rings the bell
It isn’t her, it is sadness,
Taking a toll on your madness,
Bidding you farewell

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

"A Rita", uma canção de João Lopes

Espelho
(João Nogueira)

Nascido no subúrbio nos melhores dias,
Com votos da família de vida feliz
Andar e pilotar um pássaro de aço
Sonhava ao fim do dia ao me descer cansaço
Com as fardas mais bonitas desse meu país
O pai de anel no dedo e dedo na viola
Sorria e parecia mesmo ser feliz
Eh, vida boa!
Quanto tempo faz
Que felicidade!
E que vontade de tocar viola de verdade
E de fazer canções como as que fez meu pai (Bis)
Num dia de tristeza me faltou o velho,
E falta lhe confesso que ainda hoje faz
E me abracei na bola e pensei ser um dia
Um craque da pelota ao me tornar rapaz
Um dia chutei mal e machuquei o dedo
E sem ter mais o velho pra tirar o medo
Foi mais uma vontade que ficou pra trás
Eh, vida à toa
Vai no tempo vai
E eu sem ter maldade
Na inocência de criança de tão pouca idade
Troquei de mal com Deus por me levar meu pai (Bis)
E assim crescendo eu fui me criando sozinho;
Aprendendo na rua, na escola e no lar
Um dia eu me tornei o bambambã da esquina
Em toda brincadeira, em briga, em namorar
Até que um dia eu tive que largar o estudo
E trabalhar na rua sustentando tudo
Assim sem perceber eu era adulto já
Eh, vida voa,
Vai no tempo, vai
Ai, mas que saudade
Mas eu sei que lá no céu o velho tem vaidade
E orgulho de seu filho ser igual seu pai
Pois me beijaram a boca e me tornei poeta
Mas tão habituado com o adverso
Eu temo se um dia me machuca o verso
E o meu medo maior é o espelho se quebrar (Bis)

Tardei em começar a escrever esse texto. Não sabia como começar. Eis que passou o Dia dos Pais e a homenagem chegou atrasada. Demorei a escolher a música, porque nenhuma se encaixa à perfeição. Há um tempo, um amigo me apresentou a essa música e a achei muito bonita.

Escolhi também porque a primeira estrofe lembra uma cena freqüente em minha infância, adolescência e vida adulta: meu pai tocando seu violão. Hoje em dia, ele, aposentado, deu início às aulas de baixo. E já está até tocando com um grupo.

Meu pai sempre foi muito ligado à música. E o meu gosto musical hoje em dia (e mesmo desde criança) sempre foi o dele. Quando criança, eu ouvia bossa nova, adolescente começava a me apaixonar pelo rock, ritmo que até hoje é o meu preferido. Jovem adulta e apaixonada por Chico, MPB, jazz. Tudo herdado do meu pai. Além do amor à música, meu pai me ensinou tanto. Honestidade, caráter. Traçar meu caminho.

Como disse no post do Dia das Mães, meus pais foram meus primeiros espelhos. Minha mãe e seu pragmatismo e lógica; meu pai, e a arte. Duas metades que me fazem um inteiro, como li em um blog. Está certo que minha mãe adora arte também, mas acho que minha ligação com a poesia, o escrever, a música veio toda do meu pai.

E acho que uma vida sem música não é uma vida inteira. É uma vida cinza, sem cor. E as cores vivas que eu vejo e experimento, as sinfonias cotidianas de vozes humanas e da minha própria voz e consciência são a parte mais gostosa que trago em mim. E quando me olho no espelho, impossível não ver (e ouvir) meu pai.
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