quarta-feira, 27 de junho de 2012

Invencível: uma tradução

Postarei hoje a tradução de um poema que encontrei por acaso na Internet. Estava procurando um texto poético para traduzir e simplesmente fiquei encantada com este poema. Sei que parece textinho de auto-ajuda, mas achei bonito. Espero que vocês também gostem.
Privilegiei na tradução o esquema rímico do poema e busquei preservar a métrica. Em inglês cada verso tem 8 sílabas métricas. Nos meus versos, muitos têm 8 sílabas, mas há versos com 7, 9 e até 10 sílabas métricas. Acho, porém, que o ritmo não foi muito quebrado.

Invictus
Willian Ernest Henley
Tradução de Rita Cammarota

Da noite que sobre mim cresceu,
Negro abismo de Sul a Norte,
Sou grato a qualquer um deus,
Pela minh´alma: altivo forte.

Na cruel garra do inesperado
Sequer pisquei ou fiz ruído
Sob marteladas do acaso,
Meu rosto não dobrou, ferido

Além deste lugar de ira e pranto,
Ergue-se apenas o Horror da sombra,
Mesmo assim, o ameaçar dos anos
Encontra-me, hoje e sempre, pronto.

 Mesmo que seja estreita a porta,
Ou plena a vida de punição
Sou o mestre da minha sorte,
E da minh´alma o capitão

terça-feira, 12 de junho de 2012

Soltinha, soltinha

“Em tudo o que faço, eu sinto prazer
de ser quem eu sou,
de estar onde estou,
agora só falta você”

(Trecho de “Agora só falta você”, de Rita Lee)

Se por acaso morrer do coração,
É sinal que amei demais,
Mas enquanto estou viva,
Cheia de graça,
Talvez ainda faça
Um monte de gente feliz”

(Trecho de “Saúde”, de Rita Lee)

Estou para ver compositora mais autêntica e direta que Rita Lee. Minha xará de personalidade forte, como eu. Acho que aí está a questão: personalidade. Jeito de ser único de cada um. Sinto-me até tola de escrever isso. Escrevo porque, principalmente hoje, Dia dos Namorados, muitos solteiros sentem-se deslocados, infelizes por não terem um par.

Penso no absurdo disso e nas origens desse pensamento. A pessoa ter que estar acompanhada para sentir-se bem. “Antes mal-acompanhado do que só”, diria a minha avó e a moral tosca dos séculos anteriores. Há pessoas que ainda hoje, no século XXI, se submetem a relações insatisfatórias e a infelicidade para terem alguém ou mostrar à sociedade que tem alguém. E tal ideal é tão arraigado que nem se percebe como é vendido por livros de romance, novelas e filmes.

A chave para escapar da armadilha do pensamento “só sou alguém por ter você do meu lado” é aprender a se estimar, a valorizar sua própria companhia. Você realmente gosta de alguém, ou quer alguém para não ficar só? Porque me parece que se for o segundo caso, a relação já nasceu com vício.
 
Estar com alguém é bom quando há de fato apreço pela outra pessoa, quando se está junto por vontade, não por necessidade ou carência. Se aparecer alguém interessante, obviamente, é bom dar chance para florescer algo mais. Se não aparecer ou o sentimento não crescer, o que realmente está sendo perdido?

Não sei se eu amadureci, se fiquei menos romântica, mas perdi a paciência de sair para encontrar companhia. Sou mais desfrutar a minha companhia, da minha família e amigos enquanto não surge alguém com quem eu queira estar. No mais, como diria a Rita Lee “enquanto estou viva, cheia de graça, talvez ainda faça um monte de gente feliz”. E que a primeira a me fazer feliz seja eu mesma.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Equação

E a gente vive junto
E a gente se dá bem
Não desejamos mal a quase ninguém
E a gente vai à luta
E conhece a dor
Consideramos justa toda forma de amor”
(Trecho de “Toda forma de amor”, de Lulu Santos)

Resolvi escrever dois textos para o dia dos namorados. Um para os solteiros e um para os comprometidos, enrolados, casados, etc. Escrever um texto para uma pessoa que está só é fácil. Agora, quando entra mais um ser humano na equação, que de fato vira equação, pois não há expressão de um termo só, as coisas mudam.
São duas cabeças, dois corações, duas idéias de mundo. Sempre impliquei com o termo outra metade ou alma gêmea, depois da adolescência, claro. Quem não percebeu que somos um inteiro, com experiências próprias, opiniões e ações? E equilibrar esta balança é que é o prazer e a dificuldade das relações.
O quanto ceder, nem tão pouco que o outro se anule, nem tanto, a perigo de se anular. O quanto esperar, o quanto fazer? Bom é estar com alguém que cresça junto com você, que ensine e aprenda, que facilite a sua vida. Vi isso num e-mail uma vez: “Relação serve para facilitar a vida dos dois. Caso esteja dificultando, algo está errado”.
É gostoso ter alguém ao lado, apoiando, cuidando de você. Sendo amigo, amante, confidente. A sensação do êxtase dos primeiros meses, a maturidade de um amor que não arrefece com o tempo. O amor que vira amizade, quase sem querer. Tantas formas de amor.
Atualmente, vejo reconhecidas formas de amor outrora castigadas, como o amor homossexual, por exemplo. Muitas pessoas do meu convívio condenam esse amor. Já eu acho que não se pode negar quem você é e como ama. Se você não faz mal a ninguém, sua forma de amor é justa, seja você homossexual ou heterossexual.
Para terminar, lembro dois versos de poetas contemporâneos: “A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida” (Vinicius de Moraes) e “Cuide bem do seu amor, seja quem for” (Herbert Vianna). Aos que se encontraram, felicidades neste dia. Aproveitem os segundos juntos, os carinhos, as conversas e até as reconciliações. Cuidem-se para que a equação esteja sempre equilibrada. E se terminar, não se diga que deu errado, mas que deu certo enquanto durou. Feliz Dia dos Namorados aos casais! E aos solteiros, novos e proveitosos encontros!

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Versão para o inglês de "A casa" , de Vinícius de Moraes

Quando eu era criança, meu pai tocava muito no violão essa música para mim. É simples, infantil, mas tão fofa. E acho que uma homenagem à criatividade das crianças. Quer dizer, no fim das contas, não havia nada a ser cantado, poderia ser somente um terreno baldio. O poeta transformou o vazio numa casa engraçada. Realmente, Fernando Pessoa tinha razão: o poeta é um fingidor. Assim como as crianças, que mesmo na sua sinceridade, gostam mesmo é de fazer de conta.


A casa
Vinícius de Moraes

Era uma casa muito engraçada
Não tinha teto, não tinha nada

Ninguém podia entrar nela, não
Porque na casa não tinha chão

Ninguém podia dormir na rede
Porque na casa não tinha parede

Ninguém podia fazer pipi
Porque penico não tinha ali

Mas era feita com muito esmero
Na rua dos Bobos, número zero


The house
English lyrics by Rita Cammarota

It was the funniest house I´ve seen
There weren´t walls or a ceiling

You couldn´t even enter the door
Because there wasn´t really a floor

No one could sit or lie on the bed
There were no walls, there was air instead

You couldn´t poop and you couldn´t pee
There was no toilet anywhere near

But it was built with loving and care,
On fools street, we know not where
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Este obra de Rita Cammarota, foi licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-Uso não-comercial-Vedada a criação de obras derivadas 3.0 Unported.