terça-feira, 27 de março de 2012

Bom-dia!

A tradução que fiz e posto hoje é de outro poema de Maya Angelou, escrito para a posse de Bill Clinton em 1993. Daqui a pouco, vocês nem vão agüentar falar dela. Acho-o muito bonito, porque simples, mas ainda assim tocante. Como o poema é enorme, não vou escrever um texto paralelo. Enjoy!

Poema Inaugural
Maya Angelou
(Tradução de Rita Cammarota)

A Rocha, o Rio, a Árvore,
Anfitriões de espécies há muito extintas,
Marcaram o mastodonte.

O dinossauro, que deixou provas secas
De sua estada aqui,
No chão de nosso planeta.
Qualquer alarme claro de sua condenação apressada
Está perdido nas trevas da poeira e das eras.

Mas hoje, a Rocha clama a nós, com clareza e vigor
-Venham, coloquem-se sobre
Minhas costas e contemplem seu distante destino
E não procurem abrigo em minha sombra.
Não lhes darei mais esconderijo aqui
Vocês, criados um pouco abaixo
Dos anjos, arrastaram-se longo tempo
Na escuridão sombria,
Permaneceram por longo tempo
Com a face na ignorância

Suas bocas derramaram palavras
Feitas para o massacre

A Rocha clama hoje, - podem colocar-se em mim,
Mas não escondam o rosto

 
Através da muralha do mundo,
o Rio entoa uma bela canção,
-Venham descansar à minha margem.

Cada pessoa é um país com fronteiras,
Delicado e orgulhoso,
Ainda assim, perpetuamente sitiado.

Suas batalhas armadas pelo lucro
Deixaram uma faixa de dejetos em
Minha margem, correntes de entulho em meu seio.

Ainda assim, os chamo à minha orla,
Se não estudarem mais guerras. Venham,

Vistam-se de paz e entoarei as canções
Que o Criador me ensinou quando eu
E a Árvore e a Rocha éramos um só

Antes de ser o cinismo uma queimadura
De sangue em sua fronte e quando vocês sabiam
Que nada sabiam.

O Rio canta e canta ainda.
Há um real anseio a responder
Ao Rio cantor e à sábia Rocha.

Então digam ao asiático, ao hispânico, ao judeu,
Ao africano e ao indígena, ao Sioux,
Ao católico, ao muçulmano, ao francês, ao grego,
Ao irlandês, ao rabino, ao padre, ao sheik,
Ao gay, ao hétero, ao pregador
Ao privilegiado, ao sem-teto, ao professor.
Eles escutarão. Todos ouvirão
A mensagem da Árvore.

Hoje, a primeira e a última das Árvores
Fala à humanidade: Venha a mim, na margem do Rio
Plante-se ao meu lado, aqui na margem do Rio
Cada um de vocês, descendente de algum
Caminhante, foi resgatado

Você, que me batizou, você
Pawnee, Apache e Sêneca, você
Nação Cherokee, que descansou comigo, e
Forçados sobre pés ensanguentados, me deixaram
Aos cuidados de outros exploradores,
Desesperados por ganhos,
Famintos por ouro.

Você, o turco, o sueco, o alemão, o escocês...
Você, o ashanti, o yorubá, o kru compraram

Venderam, roubaram, chegaram no pesadelo,
Orando por um sonho
Aqui, criem raízes ao meu lado.
Sou a Árvore, plantada ao lado do Rio,
Que não se moverá.

Eu, a Rocha; eu, o Rio; eu, a Árvore
Sou seu – as Passagens estão pagas

Levantem o rosto, vocês têm a urgente necessidade
Desta manhã radiante, alvorecendo por você

A história, apesar da dor intensa,
Não pode ser apagada, e se encarada
Com coragem, não precisa ser revivida.

Levante os olhos
Ao dia raiando por você

Dê à luz de novo
O sonho

Mulheres, crianças, homens,
Tomem-no nas palmas das mãos

Moldem-no na forma de sua mais
Particular necessidade. Esculpam-no
À imagem de seu ser mais público.
Levantem os corações,
Cada hora nova carrega novas chances
De novos começos.

Não permaneça casado
Para sempre com o medo, sob o jugo
Eterno da brutalidade.

O horizonte se inclina para frente,
Oferece espaço a novos passos de mudança.

Aqui, no pulsar deste belo dia
Você pode ter a coragem
De olhar para cima e para mim, a
Rocha, o Rio, a Árvore, seu país

Tanto a Midas, quanto ao mendigo.

Tanto a você agora, quanto ao mastodonte outrora.

Aqui, no pulsar deste novo dia
Você pode desfrutar a graça de olhar para cima
E nos olhos de sua irmã,
No rosto de seu irmão, seu país
E dizer simplesmente
Tão simplesmente
Com esperança
Bom-dia

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