segunda-feira, 19 de março de 2012

Mulher fenomenal

O post de hoje é sobre Maya Angelou. Escritora americana, ela nasceu em Missouri no dia 4 de abril de 1928. Li sobre a história dela há um tempo, quando ouvi duas de suas poesias recitadas num filme besteirol americano (“Um Salão do Barulho”, imaginem como é o filme!). Gostei dos versos e fui pesquisar sobre a escritora.

Sua história é fascinante. Ela nasceu numa época em que os direitos civis dos negros não eram respeitados, sequer existiam. Descendente de escravos, Maya passou a infância com a avó em Stamps e experimentou na pele todo tipo de preconceito e vivenciou acontecimentos traumáticos, como o estupro aos 7 anos, cometido por seu padrasto. Foi mãe aos 17 anos e tornou-se a primeira motorista negra de bonde na cidade de São Francisco. Trabalhou como atriz e dançarina e por fim, passou a escrever peças teatrais nos anos 1960. Nos anos 1980, publicou livros de poesia e escreveu sua autobiografia.

Sua biografia é contada em cinco livros, em uma prosa deliciosa. Somente li o primeiro, em inglês, cujo título é “I know why the caged bird sings”. Atualmente, Maya trabalha como professora convidada de uma universidade na Carolina do Norte, onde mora.

Levantarei
(Maya Agelou. Tradução: Rita Cammarota)

Você pode me escrever na História
Em mentiras amargas, traiçoeiras
Pode me arrastar no pó
Mas levantarei, tal qual poeira

Está irritado pela ousadia?
Por que tamanha tristeza?
Porque ando como se o petróleo
Fosse só uma de minhas riquezas

Como sóis e luas
Com a certeza das marés,
Como o alvorecer da esperança
Levantarei

Queria me ver quebrada?
Cabeça curvada e olhos tímidos?
Ombros caídos como lágrimas
Enfraquecida por gemidos

O meu orgulho incomoda?
Você não consegue aceitar
Porque eu rio como se ouro
Brotasse do meu pomar
Você pode me atirar palavras duras,
Ou me ferir com o seu olhar,
Pode me matar com o seu ódio
Ainda assim, levanto, como o ar

Minha sensualidade irrita?
Parece uma surpresa
Que brilho como diamante
Quando danço com leveza?

Da vergonha marcada na história
Levantarei
Da dor gravada na memória
Levantarei
Sou um oceano negro,
Tépido e profundo
Transbordante e crescente,
Agüento a maré do mundo
Deixo as noites de terror para trás
Levantarei
Na explosão clara da alvorada
Levantarei
Trago o tesouro dos ancestrais herdado
Sou eu o sonho e a esperança do escravo
Levantarei
Levantarei
Levantarei

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Licença Creative Commons
Este obra de Rita Cammarota, foi licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-Uso não-comercial-Vedada a criação de obras derivadas 3.0 Unported.