sexta-feira, 16 de março de 2012

Sonetos para Machado

Olá! Hoje vou postar dois sonetos que fiz para um concurso da Litteris Editora em 2008. O concurso foi feito para celebrar o centenário de morte de Machado de Assis. O prêmio era que o soneto escrito seria publicado num livro em homenagem ao escritor.
A regra era que o poema deveria começar com "Oh! Flor do Céu! Oh! Flor cândida e pura" e terminar com "Perde-se a vida; ganha-se a batalha", versos tirados do romance Dom Casmurro. Não ganhei nem menção honrosa, mas tem problema, não. Quem tem blog pode atender aos anseios de publicação sem gastar um real. Espero que gostem.

Flor

Oh! Flor do céu! Oh! Flor cândida e pura!
Quem ousaria penetrar teu mel?
Ou correr os lábios sobre a figura
Que tem em si a imensidão do céu?

Coroada flor de suaves espinhos,
Trespassa-me e anestesia a dor
De vaguear por errantes caminhos
Longe da tua terra e sem teu amor

O mais, quero tão só germinar-te
Abrir meus pulsos com fina navalha
Plantar, nas veias minhas, tua arte

O sopro em mim é areia  e se espalha
Mergulho noutra flor, da eternidade:
Perde-se a vida, ganha-se a batalha!




Guerra e paz

Oh! Flor do céu! Oh! Flor cândida e pura!
Contra ti não prevalecem as armas
De fogo ou da minha ternura
Mais forte és e mais brava

Lanço sobre ti olhos secos
Embotados de sombras e guerras
Soldado cansado de mares e terra
Cativo pelo teu segredo

Saída não há para minha condição
Nem poder algum que me valha
Todas as forças dizem que não

Perdi contra o fio da tua navalha
Covarde, o amor golpeou-me ao chão
Perde-se a vida, ganha-se a batalha!

2 comentários:

  1. Oh! flor do céu! oh! flor cândida e pura!
    Que em virginais noites de desejo afloras
    Derramai-me teu calor nos lábios d'aurora
    Vista-me com tua mais nobre formosura.

    Oh! flor do céu! oh! flor de fulgor e doçura!
    Que em pedaços meu coração devoras,
    Trazei-me novamente os sonhos de outrora
    Tirai-me dos olhos as lágrimas d'amargura.

    Mas, se em algum momento, a tristeza
    Moldada pelo orgulho, teu coração enxovalha,
    Livrai-me da angústia da incerteza

    Pois, se o amor ou cousa que o valha
    Não for correspondido em sua beleza,
    Ganha-se a vida, perde-se a batalha!

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    1. Olá! Lindo poema. Você também participou do concurso? Abraços,

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Este obra de Rita Cammarota, foi licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-Uso não-comercial-Vedada a criação de obras derivadas 3.0 Unported.