segunda-feira, 13 de junho de 2011

A nenhuma razão do amor

As Sem-Razões do Amor

Eu te amo porque te amo.
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.

Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor
                        --Carlos Drummond de Andrade--


Amor. Quem sou eu para falar de amor? Tantos poetas e escritores já o fizeram, querendo aprisioná-lo em definições. A definição é vazia. O amor só é tal  quando vivenciado. E cada um tem um jeito próprio de experimentar suas venturas e vicissitudes.

“Amor foge a dicionários e a regulamentos vários”. E que mania que as pessoas têm de racionalizar, de pretender escolher quem é digno de amor. “Fulana se apaixonou pelo homem errado”, “Mulher gosta mesmo é de cafajeste”. Frases estúpidas de quem quer trancafiar o amor no estereótipo príncipe encontra princesa e vive feliz para sempre com ela.

A vida não é assim. Não é cor de rosa. Apaixonei-me por um cara que não gostava de mim. Então meu amor não valeu? Foi em vão? Não. Meu amor valeu muito, porque partiu de mim. Se ele não experimentou o amor em todos os sorrisos e lágrimas, eu vivi. Como diz o sábio poeta: “amor é dado de graça e com amor não se paga”. Eu amei. E tantos outros me amaram sem que eu lhes pudesse devolver à altura seu carinho. Os desencontros acontecem todos os dias. Acontece.

Hoje em dia, há quem valorize o amor monogâmico, há quem seja poliamoroso. Há tantas formas de amar. O amor romântico vem caindo, apesar de as comédias românticas apostarem nele filme sim, outro também. Existe quem ame platonicamente.

E nenhum deles precisa ser correspondido para existir. Uma psicóloga me disse: “a gente acha que o amor vem por causa do outro, mas vem de nós mesmos. Por isso, todos se recuperam após um término e voltam a amar”.

É isso, o que eu posso desejar é amor, é que se ame a cada dia. Nem sempre o sentimento será correspondido, nem sempre a relação durará. Nada disso o desvaloriza. Termino o texto com um verso de Ferreira Gullar: “o amor é difícil, mas pode luzir em qualquer ponto da cidade”. Só espero que este ponto da cidade seja o meu.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Licença Creative Commons
Este obra de Rita Cammarota, foi licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-Uso não-comercial-Vedada a criação de obras derivadas 3.0 Unported.