Olá,
acho que vou começar a postar minhas poesias. Há muito tempo não as escrevo. Bem, agora vou postar duas que fiz em 2008, para duas pessoas que eu considerava encantadoras. Levem em conta que o poeta é um fingidor, já diria Fernando Pessoa e o meu sentimento por eles (os "musos") não passava de atração. Ambas são paródias da "Canção do Exílio", de Gonçalves Dias. Aliás, é delicioso parodiá-la.
Muitos poetas já reescreveram os versos do autor romântico, e minha versão preferida é a "Nova canção do exílio", do Ferreira Gullar. Fico arrepiada quando leio. Fiquem com minhas humildes versões. A primeira é de dezembro de 2007. A segunda é de junho de 2008. Haja imaginação. Espero que gostem.
Minha canção do exílio
--Rita Cammarota--
Meu amado tem uns olhos
Onde adormecem dois jades;
A luz de sua pele
Colore os céus da cidade
Os seus pelos têm mais seda,
Suas palavras têm mais cores
O meu corpo no seu, mais vida;
Suas mãos em mim, mais ardores
Ao pensar nele à noite
Encontro em seu peito meu lar
Meu amado tem uns olhos
Que não canso de cantar
Meu amado tem sorriso
Que no mundo não há igual;
Seus dentes brancos na noite
Aquietam meu temporal
Meu amado tem uns lábios
Que adoçam o gosto do sal
Não permita Deus que eu morra,
Sem seu beijo encontrar;
Sem que naufrague em amores
Que só ele pode dar,
Sem que habite a cidade,
Iluminada pelos jades
Exílio moreno
--Rita Cammarota--
Meu menino tem uns olhos
Morenos como o luar
E o brilho que me pinta
Tem a cor escura do mar
Suas cascatas, meus segredos
Seu corpo traçado de trilhas
Que eu percorro no leito
Das águas da sua baía
Mais amado, mais moreno
Uma cor que não sei explicar
Os seus olhos negros na noite
São duas contas de luar
Meu menino, mais amores
Mais caminhos que uma serra
Suas curvas e sabores
Acendem meu peito em guerra
E eu me deixo naufragar
Naqueles olhos cor de terra
Não permita Deus que eu viva
Sem cruzar os seus caminhos
Sem provar dos sabores
Que transbordam em seus ninhos
Sem que eu saiba dos amores
Onde cantam passarinhos
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