quarta-feira, 21 de março de 2012

Mulheres fenomenais

Este é o segundo post com a minha tradução de um poema de Maya Angelou, também dos mais famosos, chamado “Phenomenal Woman”. Acho interessante postá-la, pois, num mundo em que a beleza é inversamente proporcional ao tamanho do manequim e os ideais de estética, quando não preenchidos naturalmente, alcançados numa mesa cirúrgica ou num salão, é uma poesia que fala dos atributos da mulher pelas coisas que todas temos: o estilo, a graça, o cuidado.

A escritora já começa o poema dizendo que não se considera bela (“I´m not cute”), nem magra (“or built to suit a fashion model´s size”). Como se ela fosse a anti-musa poética. E não ser musa não é problema: se ninguém fez arte baseada nela, ela mesma fez. Por isso eu digo, as mulheres fenomenais não estão em capas de revista feminina, essas são o padrão que todas querem ser e poucas conseguem. Mulher fenomenal é a Maya, que cativa os outros do jeito que ela é, com qualidades e defeitos que todos temos, sem photoshop. Para mim, fenomenal é a mulher que constrói o seu caminho, com força, caráter e determinação, sem vergonha. Sem vergonha de ser quem ela é, de julgamentos tolos, que tem liberdade de expressão.

Que bom que estou cercada por muitas delas, na verdade, a maioria das mulheres que conheço são fenomenais. Minha avó, minha mãe, minhas tias, minhas primas, minhas colegas de trabalho e faculdade. Orgulho de ter vocês na minha vida.  Não desmereço, no entanto, os homens fenomenais que amo e estão comigo. Só que hoje, o post é para elas. Enjoy it, girls!

Mulher Fenomenal
Maya Angelou
Tradução: Rita Cammarota

Lindas mulheres indagam onde está o meu segredo
Não sou bela nem meu corpo é de modelo
Mas quando começo a lhes contar
Tomam por falso o que revelo

Eu digo,
Está no alcance dos braços,
Na largura dos quadris
No ritmo dos passos
Na curva dos lábios
Eu sou mulher
De um jeito fenomenal
Mulher fenomenal:
Assim sou eu

Quando um recinto adentro ,
Tranqüila e segura
E um homem encontro,
Eles podem se levantar
Ou perder a compostura
E pairam ao meu redor,
Como abelhas de candura

 
Eu digo,
É o fogo nos meus olhos
Os dentes brilhantes,
O gingado da cintura
Os passos vibrantes
Eu sou mulher
De um jeito fenomenal
Mulher fenomenal:
Assim sou eu

Mesmo os homens se perguntam
O que vêem em mim,
Levam tão a sério,
Mas não sabem desvendar
Qual é o meu mistério
Quando lhes conto,
Ainda assim não enxergam

É o arco das costas,
O sol no sorriso,
O balanço dos seios
E a graça no estilo
Eu sou mulher
De um jeito fenomenal
Mulher fenomenal
Assim sou eu

Agora você percebe
Porque não me curvo
Não grito, não me exalto
Nem sou de falar alto
Quando você me vir passar,
Orgulhe-se o seu olhar

Eu digo,
É a batida do meu salto
O balanço do meu cabelo
A palma da minha mão,
A necessidade do meu desvelo,
Porque eu sou mulher
De um jeito fenomenal
Mulher fenomenal:
Assim sou eu

4 comentários:

  1. Não sou mulher, nem poeta, nem menino.

    Sou um homem que procura sempre se lembrar que não sabe quase nada, e que dentre tudo o que não sabe, está os segredos e mistérios que fazem as mulheres serem tão bonitas e especiais.

    Agradeço pela tradução do poema de Maya Angelou.

    Não sei se ele me ajuda a compreender melhor as mulheres. Acho que deve ter, na verdade, deixado as coisas mais incompreensíveis ainda.

    Mesmo assim, ele é belíssimo.

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  2. Oi, Filipe! Obrigada pelo comentário. Acho, na verdade, tanto os homens quanto as mulheres seres complexos. Humanos são cheios de facetas e encantam nos detalhes da personalidade ou nos atos. Abraços e volte sempre,
    Rita

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  3. Hoje, mais que nunca, sua tradução caiu muito bem.
    Coloquei-a em minha página no facebook, e espero que não se importe.
    Foi minha humilde homenagem à essa mulher maravilhosa, no dia de sua morte.
    Obrigada pela tradução.

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Este obra de Rita Cammarota, foi licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-Uso não-comercial-Vedada a criação de obras derivadas 3.0 Unported.